domingo, 12 de abril de 2015

Livro 1612 - Os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, da autora Ana Luiza Almeida Ferro.












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Nos moinhos do vento se sente falta. Dos moinhos brisas sopram para todas as direções. 

Os moinhos de vento nos inspiram a idealizar projetos em prol de um mundo melhor!

Muitas brisas constantes são mais fortes que os ventos fortes que vem e passam.
                                                                                              [Ana Maria Felix Garjan]
   



Uma poética ao Futuro:
Filme 1612 - A fundação de São Luís pelos franceses

O livro 1612 - Os Papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís, da escritora, historiadora, poeta e acadêmica Ana Luiza Almeida Ferro, poderá vir a ser um importante elo histórico, cultural, artístico e educativo, a partir de referências sobre a fundação de São Luís, através do projeto "Filme 1612 - A Fundação de São Luís pelos Franceses", e de propostas culturais idealizadas pela escritora e artista plástica Ana Maria Felix Garjan, diretora cultural do Grupo ARTFORUM Brasil XXI - 15 anos.

Apresentamos e registramos, nesse blog, um roteiro de ideias, na perspectiva do desenvolvimento de um trabalho integrado entre grupos que serão convidadas a participar da organização do Consórcio Cultural São Luís 400 & Cia. Azulejos 1612, bem como dialogar com algumas instituições, organizações, empresas, universidades, setores governamentais e empresariais, para participarem e patrocinarem o Projeto Filme 1612 - A fundação de São Luís pelos franceses.

Esse Consórcio Cultural deverá ter como meta, a médio e longo prazo, a organização do Instituto Universidade "Telhados do Mundo" - São Luís 400, cujo projeto foi idealizado na 1ª Década do Século XXI, pela pesquisadora Ana Felix Garjan. Outros projetos poderão ser novos polos de cultura, arte, tecnologia, educação, história, ciência e desenvolvimento de São Luís - Patrimônio Cultural da Humanidade, que completará 403 anos de fundação, no dia 8 de setembro deste ano de 2015.
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           Grupo ARTFORUM Brasil XXI - 15 anos
                                         ARTFORUM Internacional São Luís e Associados 
 Cia. Azulejos Culturais de São Luís/ ANIMA ludovicense
Memória Cultural e Projetos especiais

         

                                               Cultura, História, Arte, Educação, Tecnologia:                                                                                                    Pólos de desenvolvimento 
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 Carta cultural 1612 


                     A Ilustríssima Senhora Acadêmica. Ana Luiza Almeida Ferro

                                                                                                         Fortaleza, 23 de março de 2015.



              Conforme seu comentário positivo em resposta à 1ª Carta Cultural Aberta que lhe foi encaminhada sobre seu livro 1612 - Os Franceses na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís, no dia oito de março – Dia Internacional da Mulher, e também encaminhada a alguns membros da Academia Ludovicense de Letras, venho apresentar-lhe uma síntese da nossa proposta a qual está sendo divulgada com sua autorização oficial enviada a mim, do Rio de Janeiro, em 18 de março.

             Congratulações a Vossa Senhoria pela Menção Honrosa do Prêmio Pedro Calmon do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, recebida por sua obra histórica, literária, cultural e educativa “1612 - Os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís”, na data de 18 de março de 2015, na cidade do Rio de Janeiro, homenageada por seus 450 anos.

                 O lançamento de sua obra histórica foi divulgado em sites do IHGB, do IHGM, no Blog Revista Planetária-ArtForum Internacional, na nossa Revista Cultural Ludovicense-São Luís 400/2012 - página no Facebook, no blog Universidade Planetária do Futuro e em outros espaços do Grupo ARTFORUM Brasil XXI – 15 anos.

             A indicação do seu importante livro para a memória histórica maranhense, através do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB ampliou o destaque à sua obra, através da Menção Honrosa Prêmio Pedro Calmon.

                 O conteúdo literário, histórico e cultural da obra poderá vir a ser adaptado para roteiros culturais e artísticos em diversas linguagens como a arte cênica e a arte cinematográfica, objetivando divulgar a história da fundação de São Luís, no Brasil e Além-Mar, em médio e longo prazo. Na primeira carta cultural divulgada em março deste ano, em oito de março, (Dia Internacional da Mulher), foram divulgadas algumas ideias e opiniões com Vossa Senhoria, com membros fundadores e membros efetivos da Academia Ludovicense de Letras – ALL, da Academia Caxiense de Letras – ACL, e de outras organizações, através de e-mail, sobre seu livro que possui relevância para o patrimônio histórico, cultural e imaterial de São Luís e do Maranhão.

                    A participação profissional de sua pessoa no âmbito de diversas áreas do conhecimento e sua efetiva participação em academias e instituições, como Membro fundador da Academia Ludovicense de Letras, Membro efetivo da Academia Caxiense de Letras, Sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, membro de outras instituições maranhenses, brasileiras e internacionais, são referências especiais.

                     O livro “1612 - Os Franceses na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís”, na versão nacional e internacional, motiva outras leituras e linguagens artísticas, poéticas, culturais e educativas, objetivando a socialização, mais ampla, da história da fundação de São Luís – única capital brasileira fundada por franceses.

           Sugerimos que capítulos do livro sejam adaptados para um filme épico e também contemporâneo, cujos takes de filmagem sejam realizados no Centro Histórico e outros locais de São Luís, em Alcântara e nos Lençóis Maranhenses. Cremos que as futuras cenas do projeto Filme 1612 que estamos idealizando, conjuntamente, possam enriquecer a história da fundação da França Equinocial, a trajetória de François de Razilly, a Batalha de Guaxenduba, a visão dos Franceses sobre os Tupinambás do Maranhão, e outros que forem recomendados por Vossa Senhoria, como autora do livro, e Consultora Geral dessa futura produção cinematográfica, para que possamos ampliar a divulgação da história da fundação de São Luís, tanto no Maranhão, como no Brasil e Além-Mar, onde as histórias se encontram.
              
                  Conforme nossos diálogos sobre a proposta, aprovação e autorização de Vossa Senhoria, já iniciamos rascunhos de scripts do trabalho de marketing cultural, e quando as primeiras lâminas estiverem prontas iniciaremos o registro da proposta, a partir da publicação dessa carta cultural em um blog oficial do “Projeto Filme 1612”, bem como nos blogs, sites e páginas do Grupo ARTFORUM Brasil XXI, bem como na ALL REVISTA e na Revista do IHGM, considerando que seu livro possui os logos institucionais da Academia Ludovicense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, e terá o apoio institucional e chancelaria do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB.

                     Cremos que essas e outras instituições maranhenses e brasileiras poderão fazer parte do “Consórcio Cultural – Azulejos São Luís 1612”, que pode ser organizado, para o desenvolvimento dos diversos roteiros da produção cinematográfica histórica e cultural que está sendo vislumbrada em uma proposta mais ampla, será apresentada no Projeto 01 do Filme 1612, considerando a importante que terá para o panorama cultural maranhense e brasileiro. Para tanto o Consórcio será a plataforma de obtenção de recursos financeiros.

                Vislumbramos que o trabalho de concepção e produção de marketing possa motivar adesões importantes, através de encaminhamento conjunto de Vossa Senhoria como autora, bem como da coordenação da proposta, de documento oficial a governos, instituições, empresas, ministérios (cultura/educação/turismo), embaixadas, consulados e representações de Portugal, da França e da Holanda.

                    Agradeço sua atenção ao convidar-me para a função inicial de Diretora/ Coordenadora Cultural desse importante projeto que deverá, também, prestar homenagem ao Professor e Acadêmico Wilson Ferro, in Memoriam, seu pai, por ter sonhado e escrito a Apresentação do livro 1612 - Os Franceses na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís.

                  Congratulações a Vossa Senhoria, por ter se dedicado, com excelência, a uma longa pesquisa e elaboração dessa sua obra literária, que vem contribuir do forma inédita, com a história ludovicense, maranhense e brasileira.


Saudações cordiais e acadêmicas,
Ana Maria Felix Garjan
Idealizadora e Coordenadora do “Projeto Filme 1612”
- Cia. Azulejos Culturais de São Luís 403/2015/Anima Ludovicense/
Artforum Internacional – São Luís 400
Membro fundador da ACL / Membro correspondente da ALL
Diretora de Cultura e Comunicação do Espaço Cultural Gonçalves Dias – MA
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Carta cultural 1612

Aos representantes de instituições, fundações, institutos, academias, universidades, empresas e organizações que possuam interesse em história, memória, arte, pesquisa, cinema, literatura, cultura e ciência.

                                                                                                                             Brasil, 25/02/2015

Referência literária
O Livro 1612 - Os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, foi premiado em 18 de março deste ano, com Menção Honrosa Prêmio Pedro Calmon do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB, por ter sido indicado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM, em dezembro de 2014. A obra é de autoria  da escritora, acadêmica e historiadora ludovicense, Ana Luiza Almeida Ferro. Essa obra histórica possui uma versão europeia intitulada: 1612 - Os Franceses na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís, um dos importantes documentos sobre a Fundação de São Luís, pelos Franceses. 


Apresentação 
Temos grande satisfação em apresentarmos às instituições, universidades, fundações culturais, setores de governos, academias e aos meios de comunicação maranhense e brasileira, a Carta Cultural Aberta 1612 como um dos pontos iniciais de divulgação do Projeto Filme 1612 – A fundação de São Luís pelos franceses, baseado no livro 1612 - Os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luísde autoria da escritora e historiadora Ana Luiza Almeida Ferro, que recebeu Menção Honrosa Prêmio Pedro Calmon do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no dia 18 de março de 2015, por ocasião da abertura do Ano Social do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB, que nessa ocasião homenageou os 450 anos de Fundação do Rio de Janeiro.


Sobre a autorização da autora
A autora Ana Luiza Almeida Ferro recebeu com apreço e entusiasmo uma proposta e uma carta cultural no final de fevereiro deste ano, que sinalizou a primeira proposta para que seu livro fosse o argumento histórico para o projeto de um filme (longa metragem) sobre a fundação de São Luís pelos franceses, uma vez que sua obra tem merecido destaque em diversas instituições maranhenses e brasileiras. Diante de sua autorização e entusiasmo como autora do livro, os primeiros scripts foram feitos para que ela pudesse vislumbrar a proposta idealizada pela escritora, poeta, artista plástica e acadêmica Ana Maria Felix Garjan.

Diante de sua autorização houve uma expectativa mais ampla para a criação de roteiros de pesquisa sobre referências históricas e culturais, a partir de concepções filosóficas e técnicas que nortearão os objetivos principais, a metodologia, a produção cultural, a criação de estratégias que poderão viabilizar metas mais amplas, a partir desse projeto cultural que envolverá diversas áreas e especialistas, para que o desenvolvimento de ações, atividades, roteiros e agendas culturais e institucionais em prol desse projeto que possui foco na “Sinergia do Tempo”, entre o passado, o presente e o futuro, através do registro da memória histórica histórico de São Luís – Patrimônio Cultural da Humanidade (UNESCO, dezembro de 1997).

Síntese do Projeto
O projeto em pauta será baseado em capítulos indicados pela autora do livro 1612 – os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, publicado pela JURUÁ Editorial, e um dos objetivos mais importantes é o registro da memória histórica da fundação de São Luís pelos franceses, a partir de impostantes referências culturais que nortearão esse projeto maranhense. Para tanto, serão convidados especialistas, cineastas, técnicos e produtores, para o desenvolvimento do Projeto Filme 1612 – A fundação de São Luís pelos franceses.

Cremos que as futuras cenas desse precioso filme que estamos idealizando possam ampliar e enriquecer a história da Fundação da França Equinocial, a trajetória de François de Razilly, a Batalha de Guaxenduba, a visão dos Franceses sobre os Tupinambás do Maranhão, e outros que forem recomendados indicados pela autora do livro, na perspectiva dessa futura produção cinematográfica em longa metragem, objetivando divulgar a história da fundação de São Luís no Maranhão, no Brasil e Além-Mar, em médio e longo prazo.

Vislumbramos que o trabalho de concepção, comunicação e divulgação desse projeto possa motivar adesões importantes, ao encaminharmos documentos a governos, instituições, empresas, ministérios (cultura/educação/turismo), embaixadas e representações de Portugal, da França e da Holanda.

Consórcio Cultural
Com a aprovação da autora Ana Luiza Almeida Ferro já iniciamos estudos e rascunhos de scripts do trabalho de marketing cultural, através de lâminas e posteres que estão sendo criados exclusivamente para esse projeto que está sendo registrado nesse blog oficial do Projeto Filme 1612, em outros blogs e páginas do Grupo ARTFORUM Brasil XXI, bem como estará sendo encaminhado às instituições que possuem seus sites, blogs e revistas. Considerando que o livro foi publicado com as logos institucionais da Academia Ludovicense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, sem ônus para essas instituições, elas poderão participar desse importante projeto.

A historiadora Ana Luiza Almeida Ferro, autora dessa obra histórica nos autorizou, oficialmente, a promover a divulgação dessa proposta, bem como nomeou a idealizadora do Projeto Filme 1612 para exercer a função de diretora cultural do projeto, bem como tomar decisões relacionadas com esse projeto, bem como promover sua divulgação, articular a organização do CONSÓRCIO CULTURAL - SÃO LUÍS 400 proposto, para que diversas instituições, grupos e pessoas convidadas venham a participar desse projeto que tem como objetivo principal homenagear São Luís 403 anos, o Maranhão e o Brasil de 515 anos, bem como grandes vultos e historiadores que deixaram um grande legado histórico e cultural às instituições maranhenses e brasileiras.

A Profa. Dra. Ana Luiza Almeida Ferro já a Consultora Geral do Projeto Filme 1612.


Saudações culturais e acadêmicas,
Saudações cordiais,
Ana Maria Felix Garjan 


Diretora do Projeto:
Filme 1612 - A fundação de São Luís pelos franceses



Diretora de Cultura e Comunicação
Grupo ARTFORUM Brasil XXI
- Cia. Azulejos Culturais de São Luis /Anima Ludovicense/
Artforum Internacional – São Luis 403/2015
Projeto Centro Acadêmico de Artes e Cultura do Maranhão

E-mail: anafelixgarjan@gmail.com

Links:
http://projetoartforumuniversidade.blogspot.com
http://revistaartforumcultural.blogspot.com.br
http://www.cidadeartesdomundo.com.br
http://www.artforumunifuturobrasil.org


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O livro 1612
Por Ana Luiza Almeida Ferro


O Livro 1612 - Os Papagaios Amarelos na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís, foi premiado em 18 de março deste ano, com Menção Honrosa Prêmio Pedro Calmon, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB, por ter sido indicado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM, em dezembro de 2014.



A obra histórica é de autoria da historiadora, escritora e acadêmica Ana Luiza Almeida Ferro possui prefácios especiais de Lucien Provençal, Vasco Mariz e Antonio Noberto. 

A Apresentação é de Wilson Ferro, pai da autora. 

Síntese da obra:


ANA LUIZA ALMEIDA FERRO







1612


Os Papagaios Amarelos
na Ilha do Maranhão
e a Fundação de São Luís


Prefácios de
Lucien Provençal, Vasco Mariz e
Antonio Noberto


Apresentação de Wilson Ferro












Curitiba

Juruá Editora

2014











Aos meus pais Wilson Pires Ferro (in memoriam) e Eunice Graça Marcília Almeida Ferro, mestres de todas as horas, inspiração das pequenas e grandes navegações, que jamais me deixaram perder o leme ou soçobrar, com todo o meu amor.

À memória de minhas avós Izabel Pires Chaves Ferro e Ducília Ferreira de Almeida e de meus avôs João Meireles Ferro e Marcos Vinicius de Almeida, dedicados timoneiros das naves dos Ferros e dos Almeidas, com o meu carinho.

À memória de Mário Martins Meireles, estimado parente, maior historiador maranhense, com a minha admiração.








Meus agradecimentos


a Deus, Senhor de todas as rotas e de todos os destinos

à família, meu porto seguro

ao Colégio Santa Teresa, minha primeira caravela nas viagens do descobrimento do mundo

à Universidade Federal do Maranhão, minha primeira nau nas viagens pelos mares do conhecimento acadêmico

ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, baluarte da preservação da cultura, da memória e do patrimônio histórico maranhense

a Lucien Provençal, Vasco Mariz, Antonio Noberto e Leopoldo Gil Dulcio Vaz, competentes navegadores das águas primordiais do Rio do Maranhão

e a todos quantos direta ou indiretamente contribuíram para esta viagem exploratória.








“Le soleil luit pour moi comme pour les autres: je voudrais bien voir la clause du testament d’Adam qui m’exclut du partage du monde”.
Francisco I


“[...] os índios com os franceses chantaram o estandarte de França no meio dessa terra recém-conquistada, não pelas armas, mas pela cruz, não pela força, mas pelo amor que docemente obrigou os índios a doar seu país ao Rei de França [...].”
Claude d’Abbeville


“Concluamos esta primeira resposta, que a terra é habitável para os franceses e, se eles perderem esta oportunidade de habitá-la, vão lastimá-lo um dia, mas tarde demais.”
Yves d’Évreux


Assim desfez-se o sonho da França Equinocial..., um a mais entre os muitos que se criaram e se desfizeram no Novo-Mundo. Não obstante, a Saint-Louis de la Ravardière e Razilly sobreviveria, fazendo-se lusitana [...].”
Mário Meireles


“En ce sens, la décision de l’Unesco [...] a bien permis de rappeler un épisode notable de l’histoire du Brésil, celui d’une ville fondée par les Français à l’époque de Louis XIII. Cette ville fut bien la ‘capitale revée’ d’un empire ‘abandonné’.”
Guy Martinière



PRÉFACE


Lorsque j’ai rencontré à Saint Louis en juin 2009 Ana Luiza Almeida Ferro et son père Wilson Pires Ferro, j’ai ressenti tout de suite l’amour filial qu’ils portaient à leur terre et que j’ai tout de suite partagé; j’accomplis aujourd’hui un devoir de reconnaissance, c’est un grand honneur pour moi de rédiger cette préface en français à la demande de l’auteur.
Ana Luiza présente avec sa rigueur et sa méticulosité de magistrate les événements qui ont précédé et suivi la fondation de Saint Louis; elle est pour moi l’héritière spirituelle de Mário Martins Meireles qui avait reçu à l’époque le soutien de l’Ambassade de France; elle est de ceux qui, tel Antonio Noberto, font revivre l’essai d’implantation d’une colonie française au Maranhão; je regrette profondément que la France ait oublié une tentative encouragée par le roi Henri IV dont les lettres patentes ont mystérieusement disparu et sacrifiée par la bassesse d’une reine jalouse désireuse de détruire l’œuvre de son mari; en eut-il été de même sous le règne de Louis XIII et sous l’autorité de Richelieu? je ne le crois pas mais on ne refait pas l’histoire.
L’auteur a consulté avec une très louable persévérance tout ce que les historiens de toutes nationalités ont écrit sur le sujet; elle expose et analyse avec talent tous les arguments développés; rien ne lui échappe; les citations nombreuses renforcent une étude sans faille. Je partage totalement les conclusions de l’ouvrage.
Je comprends mal la polémique négationniste récemment développée; certes le Maranhão fut découvert par les navigateurs ibériques; oui, la terre fut concédée à des donataires incapables de s’y établir; bien sûr, les Portugais ont développé la magnifique ville que nous connaissons aujourd’hui; mais il ne peut être contesté que les pères de Saint Louis sont La Ravardière et Razilly. Ceux ci n’étaient pas des pirates mais des corsaires obéissant à des ordres d’un roi qui ne reconnaissait pas le traité de Tordesillas. On ne peut à la fois argumenter que la fondation de Rio ne peut être attribuée à Villegagnon parce qu’il n’y pas eu continuité entre Henriville et la capitale carioca et dire le contraire à Saint Louis dont Philippe III a conservé le nom, preuve de continuité.
Que les habitants de Saint Louis soient attachés à leurs différences et expriment leur personnalité, ce n’est pas un mite, quoi de plus normal; en cela ils ont hérité des Français toujours soucieux de leurs origines régionales. Brésiliens dans l’âme, ils n’en sont pas moins “maranhenses” et fiers de leurs racines.
Pourquoi ne pas dire aussi que, même si Philippe III y songeait, la tentative française fut un élément essentiel de l’unification de ce Brésil que j’aime et qui n’était pas pour la France? De l’œuvre de La Ravardière reste la Guyane fréquentée de nos jours par de nombreux Brésiliens.
Finalement et quelle que soit mon amitié pour le Portugal où j’ai servi pendant quatre ans, et tout en reconnaissant l’immense mérite et la gloire des conquérants lusitans, c’est paradoxalement sous un gouvernement espagnol et grâce aux incursions françaises que le Brésil est devenu un grand pays unifié; ne l’oublions pas.
Merci à Ana Luiza de nous faire revivre comme si c’était hier une histoire vieille de quatre siècles.

Lucien Provençal







PREFÁCIO[1]


Quando encontrei em São Luís no mês de junho de 2009 Ana Luiza Almeida Ferro e seu pai Wilson Pires Ferro, senti imediatamente o amor filial que os ligava à sua terra, sentimento que de logo também adotei; cumpro hoje um dever de gratidão, é uma grande honra para mim redigir este prefácio, segundo o pedido da autora.
Ana Luiza apresenta com rigor e meticulosidade, qualidades inerentes à sua profissão de Promotora de Justiça, os acontecimentos que precederam e se seguiram à fundação de São Luís; penso que ela é a herdeira espiritual de Mário Martins Meireles, que recebera no seu tempo o apoio da Embaixada da França. Ela está entre aqueles que, como Antonio Noberto, fazem reviver a tentativa de implantação de uma colônia francesa no Maranhão. Lamento profundamente que a França tenha esquecido uma iniciativa encorajada pelo rei Henrique IV, cujas cartas patentes desapareceram misteriosamente, e sacrificada pela baixeza de uma rainha invejosa, desejosa de destruir a obra de seu marido. Teria sido assim no reinado de Luís XIII sob a autoridade de Richelieu? Não o creio, mas não se refaz a História.
A autora consultou com uma perseverança muito louvável tudo o que os historiadores de diferentes nacionalidades escreveram sobre esse tema; ela expõe e analisa todos os argumentos desenvolvidos com grande talento, maestria e exaustividade; as numerosas citações reforçam um estudo sem falhas. Compartilho plenamente das conclusões da obra.
A recente polêmica negacionista deixou-me perplexo; certamente o Maranhão foi descoberto pelos navegadores ibéricos; sim, a capitania foi concedida a donatários incapazes de nela se estabelecer; decerto os portugueses desenvolveram a magnífica cidade que hoje conhecemos; porém, não pode ser negado que os verdadeiros fundadores de São Luís são La Ravardière e Razilly. Não eram piratas, mas sim corsários obedecendo às ordens de um rei que não reconhecia o Tratado de Tordesilhas. Não se pode, ao mesmo tempo, argumentar que a fundação do Rio de Janeiro não pode ser atribuída a Villegagnon porque não houve continuidade entre Henriville e a capital fluminense e ignorar a continuidade na história de São Luís desde a fundação da cidade, cujo nome foi conservado por Felipe III no fim da presença francesa.
Não é um mito que os habitantes de São Luís valorizem as suas diferenças e exprimam a sua personalidade, o que é normal, no que se assemelham aos franceses, sempre ciosos de suas origens regionais. Brasileiros na alma, eles não são menos maranhenses, e são orgulhosos de suas raízes.
Por que também não admitir que a tentativa francesa foi um elemento essencial de unificação, com a qual sonhava Felipe III de Espanha, deste Brasil que eu amo e que não estava destinado a ser francês? Da epopeia de La Ravardière resta a Guiana, frequentada em nossos dias por muitos brasileiros.
Finalmente, e apesar da minha grande amizade por Portugal, onde servi durante quatro anos, e da admiração que tenho pelo imenso mérito e pela glória dos conquistadores lusitanos, tenho de reconhecer que foi sob a autoridade de um governo espanhol e graças às incursões francesas que o Brasil se tornou um grande país unificado; não nos olvidemos disso.
Agradeço a Ana Luiza por nos fazer reviver como se fosse ontem uma velha história de quatro séculos.

Lucien Provençal
Historiador, Capitão de Mar-e-Guerra reformado, Cavaleiro da Legião de Honra da França, Oficial da Ordem do Mérito Naval Francês, Oficial do Mérito Militar de Portugal, membro da Academia Estadual do Var e da Sociedade Francesa de História Marítima, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e autor de várias obras, entre as quais La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão (1612-1615), edição da Topbooks, 2007, em parceria com Vasco Mariz.






PREFÁCIO


O fiasco da tentativa de colonização francesa no Maranhão, no início do século XVII, é um dos episódios mais importantes do período colonial da história do Brasil. Entretanto, os acontecimentos da chamada França Equinocial têm sido pouco estudados e são quase desconhecidos do público francês e da maioria dos brasileiros. Por um triz a França Equinocial não teve êxito e, pouco antes da batalha de Guaxenduba, La Ravardière havia visitado a região de Belém, em busca de local apropriado para fundar outro núcleo colonial na foz do rio Amazonas.
Se ele tivesse recebido auxílio substancial da França, dificilmente os portugueses e espanhóis teriam conseguido expulsar os intrusos. Podemos hoje imaginar o Brasil sem os estados do Maranhão, Piauí, Pará e Amazonas e sem a foz do grande rio? Os franceses conseguiram depois fixar-se na Guiana e se julgam até hoje com direitos sobre toda a margem esquerda do rio Amazonas. Ao final do século XVII, o famoso padre Antônio Vieira, que trabalhou em São Luís, teve de viajar à ilha do Marajó para convencer o cacique local a não firmar um acordo de cessão permanente da grande ilha aos franceses.
Em 1900, graças à competente defesa do barão do Rio Branco, foi possível ao Brasil consolidar definitivamente a fronteira norte do rio Oiapoque, por decisão arbitral do presidente do Conselho da Suíça. Apesar disso, em recente visita à Guiana francesa do ex-presidente Nicolas Sarkozy, ele encontrou-se com o então presidente Lula da Silva na fronteira e lá aproveitou para reafirmar aos jornalistas que toda aquela margem esquerda do rio Amazonas é francesa, embora depois tenha reconhecido que a França não havia sabido defender bem os seus direitos perante o Conselho da Suíça.
A curta história da França Equinocial é fascinante não só pelos personagens que se destacaram dos dois lados, como também pelos acontecimentos que se desenrolaram no Brasil e na França. Por isso esse período merece estudo mais aprofundado e melhor divulgação, o que vai ser feito com eficiência pelo presente livro da doutora Ana Luiza Almeida Ferro. Um dos pontos mais controversos é apurar se a cidade de São Luís foi fundada pelos franceses ou pelos portugueses. O debate é curioso.
O primeiro governador do Maranhão, Jerônimo de Albuquerque, o grande vencedor de Guaxenduba, iniciou os trabalhos de urbanização logo após a partida dos franceses e preferiu manter o nome de São Luís, talvez para melhor conservar na história a memória de sua grande vitória. Ele também utilizou as linhas gerais do plano da cidade elaborado pelos franceses, os quais, porém, nada deixaram de sólido como construções, além do forte Saint Louis. O debate se prolonga há muitos anos e não se deve esquecer que os beneditinos Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux, em seus notáveis livros, deixaram bem clara a intenção dos franceses de permanecer indefinidamente no local.
O presente livro da senhora Ana Luiza Ferro é um estudo sério, bem documentado e pormenorizado desse episódio histórico, escrito com elegância e fluência de estilo. Naturalmente, nem sempre estive de acordo com todos os seus pontos de vista, mas, na interpretação de fatos tão remotos de nossa história, é mais do que normal que existam pequenas divergências entre os autores que se ocuparam de assunto tão fascinante. Recomendo aos interessados e sobretudo aos pesquisadores a leitura e o estudo desta obra, que veio enriquecer a bibliografia da França Equinocial.

Rio de Janeiro, setembro de 2013.

Vasco Mariz
Historiador, diplomata aposentado, sócio emérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e autor de Os franceses no Maranhão, edição do Instituto Geia, 2011, em parceria com Lucien Provençal.








APRESENTAÇÃO


O Maranhão de nosso dias, quando sua capital São Luís, um dia cognominada de Atenas Brasileira, completou recentemente quatro séculos de fundação pelos franceses no longínquo 8 de setembro de 1612, parece querer reviver as glórias de um passado já distante, mas presente em nossas mentes.
Hoje, além de uma gama de instituições culturais que se espalham pelas cidades do interior do estado, há um elenco formidável de maranhenses amante das letras, considerando a quantidade e a qualidade das obras que vêm sendo produzidas, contribuindo para enriquecer o acervo cultural da terra gonçalvina, decretar o fim do obscurantismo e retornar aos tempos de esplendor e grandeza, não apenas nas letras, mas em outras manifestações culturais que promovem o bem-estar e dignificam a história de um povo.
Um fator que realça o Maranhão no cenário cultural no concerto das demais unidades da federação e que muito envaidece o seu povo diz respeito à tradição de acuidade e zelo dos filhos da terra quanto ao trato com a língua portuguesa. O maranhense é, reconhecidamente, dentre os brasileiros, o que tem a fama de apresentar maior apego à gramática, pronunciando e escrevendo corretamente as palavras, conjugando os verbos nos tempos, modos e pessoas pertinentes e usando apropriadamente a concordância e a regência nominal e verbal, apesar dos atentados à língua perpetrados, principalmente, nos programas de rádio e televisão.
Integrante da nova geração de literatos, inserida por méritos de seu talento e seus conhecimentos na órbita em que gira a constelação de astros e estrelas das letras ludovicenses, desponta com brilho intenso a Promotora Ana Luiza Almeida Ferro, autora deste 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, cabendo-me a honra da apresentação. Como prelúdio da tarefa, resumirei o volumoso currículo da autora, para melhor dá-la a conhecer.
Ana Luiza realizou seus primeiros estudos no Colégio Santa Teresa, em São Luís, de 1972 a 1982, e no Instituto Guanabara, no Rio de Janeiro-RJ, em 1983, regressando em seguida com seus pais à capital maranhense. Graduou-se em Letras, com habilitação em Língua Inglesa, e Direito, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e pós-graduou-se como Mestra e Doutora em Ciências Penais, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte-MG.
A sede de saber e o interesse pelo estudo de línguas estrangeiras sempre moveram a autora, levando-a realizar estudos de pós-graduação em inglês (literatura) na University of Oregon, em Eugene, nos Estados Unidos, em 1991. É portadora do First Certificate in English e do Certificate of Proficiency in English, pela University of Cambridge, Inglaterra, e do Certificat pratique de langue française (1er degré), do Diplôme d’études françaises (2e degré) e do Diplôme supérieur d’études françaises (3e  degré), pela Université de Nancy II, França. Além dos idiomas inglês e francês, que fala e escreve com fluência, estudou alemão, espanhol e italiano.
No curso de sua formação e vida funcional, foi agraciada com as seguintes comendas e premiações: Concurso Epistolar Internacional para jovens, promovido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Delegacia Regional do Maranhão, em 1982; Concurso Jovem Embaixador, promovido por O Globo, Instituto Guanabara e Colégio Princesa Isabel, no Rio de Janeiro-RJ, em 1983; Medalha “Souzândrade” do Mérito Universitário, concedida pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por haver obtido o maior coeficiente de rendimento, durante o curso de graduação, até o primeiro semestre letivo de 1987; “Prêmio AMPEM”, em três edições (1997-1999), e, mais recentemente, “Prêmio Márcia Sandes”, nas edições 2001, 2003, 2004, 2006, 2007 e 2008, concedidos pela Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão aos autores dos trabalhos jurídicos mais destacados; Comenda Arcelina Mochel, também conferida pela AMPEM, em 2009, por quinze anos de serviços prestados ao Ministério Público; e Comenda Gonçalves Dias, outorgada pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), por sua participação e empenho na realização do Projeto Gonçalves Dias, em 2013.
Além de Promotora de Justiça da Comarca da Ilha de São Luís, é professora de Direito da Universidade Ceuma e da Escola Superior do Ministério Público do Estado do Maranhão. Foi bolsista do Programa Interinstitucional de Iniciação Científica (CNPq/UFMA); Professora dos cursos de extensão de Língua Inglesa I, II, III e IV, do Núcleo de Cultura Linguística do Departamento de Letras da UFMA; Professora de Criminologia da Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais, nos cursos de Pós-Graduação em Ciências Penais de 2001 a 2003, em Belo Horizonte-MG, e em Ciências Criminais do UNICEUMA; e Coordenadora de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Direito da Escola Superior do Ministério Público do Maranhão, de 2006 a 2009.
Paralelamente ao exercício das funções compatíveis com a sua formação superior em Letras e Ciências Jurídicas, e procurando aprimorar o seu talento, ela integra o quadro de entidades que se dedicam à difusão da cultura jurídica, literária e histórica, como a Academia Caxiense de Letras, a Academia Maranhense de Letras Jurídicas, da qual foi Presidente no biênio 2011-2013, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) e a Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica, sediada em Porto Alegre-RS.
Defensora intransigente de que o saber e o conhecimento não devem ser segredados, guardados, nem enclausurados, mas compartilhados, exteriorizados, Ana Luiza sublimou suas ideias e pensamentos, transmitindo-os em palestras que profere neste estado e além-fronteiras, a maioria delas em universidades e sobre assuntos jurídicos ou criminológicos, ou transportando-os para as páginas de um livro. O interesse pela pesquisa, seja nos campos jurídico e histórico, seja no literário, afigura-se inato em Ana Luiza. Ainda cursando a graduação em Letras na UFMA, ela escreveu os seus primeiros trabalhos, com destaque para Pride and Prejudice: the Contribution of Literature to Cinema, de 1987, monografia de conclusão do citado curso, a qual, pela sua qualidade, só não foi publicada pela sua modéstia e por ser redigido integralmente em inglês.
Foi nos cursos de mestrado e doutorado realizados na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que ela despertou para a necessidade de transformar em livros os trabalhos acadêmicos e outros, após certificar-se da qualidade destes, atestada por seus professores. E hoje, com este que ora apresento, já ultrapassam uma dezena, a saber: Versos e anversos (poesias), O Tribunal de Nuremberg, Escusas absolutórias no Direito Penal, Robert Merton e o funcionalismo, O crime de falso testemunho ou falsa perícia, Interpretação constitucional: a teoria procedimentalista de John Hart Ely, Quando (poesias), A odisséia ministerial timbira (poema), Crime organizado e organizações criminosas mundiais, O náufrago e a linha do horizonte (poesias) e, finalmente, esta obra, de cunho histórico, 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, da qual me ocupo. Ressalto ainda que Crime organizado e organizações criminosas mundiais, com 704 páginas, publicado pela Editora Juruá, Curitiba-PR, é um dos raros livros editados no país no gênero e vem sendo adotado em cursos de graduação e pós-graduação em Direito, em universidades de outros estados.
Ao receber das mãos da autora os originais de 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, logo passei a lê-los, linha por linha, parágrafo por parágrafo. Também logo que me envolvi com os meandros da História, que tanto me fascinam, eu me surpreendi pelo fato de Ana Luiza, detentora de graduação em Letras e Direito pela Universidade Federal do Maranhão e de mestrado e doutorado em Ciências Penais pela Universidade Federal de Minas Gerais, elaborar um trabalho tão consistente, claro, abrangente e profundo, como já o fizera ao escrever Crime organizado e organizações criminosas mundiais, só que este de caráter jurídico e aquele de cunho eminentemente histórico. Tanta demonstração de lucidez e de conhecimentos em área que não é a sua só pode ser justificada pelo seu talento e inusitado interesse pela pesquisa, seja ela de qualquer natureza, no campo das ciências humanas e sociais.
Eu confesso jamais haver chegado às minhas mãos, enquanto professor de História, inclusive do Maranhão, em nível superior, obra tão minuciosa, tão detalhada, tão rica em pormenores e com argumentos tão convincentes sobre o fascinante tema da fundação de São Luís como esta. Ana Luiza navega em mares nunca dantes navegados, pesquisa em águas profundas, usando fontes primárias, argumentos sólidos e persuasivos, com base no testemunho de autores nacionais e estrangeiros; ela veste a bata de professora de história em busca da verdade histórica e a beca de promotor de justiça em busca da justiça. Após contestar, um a um, os argumentos lançados pelos ventos contrários que poluem o ambiente historiográfico e querem porque querem empalidecer da memória ludovicense o Forte de São Luís, o Porto de Santa Maria; substituir da frente do Palácio municipal o busto de La Ravardière, legítimo fundador da cidade, pelo de Jerônimo de Albuquerque, pretenso fundador; e legar ao esquecimento o marco de fundação da cidade na Praça Pedro II.
É com clareza veridiana que a autora, em um de seus argumentos em relação ao episódio em tela, assim se pronuncia:

Esta cerimônia, que teve o seu apogeu na ereção e fixação da cruz, na benzedura da ilha e no batismo do Forte São Luís e do Porto de Santa Maria, com a ativa participação dos índios, realizada no dia 8 de setembro de 1612, representou a fundação oficial da colônia da França Equinocial. Mais do que isso, representou o momento ritual da fundação da futura cidade de São Luís, cujo nome herdou do forte que constituiu o seu núcleo originário, também formado pelas construções de apoio e pelo Porto de Santa Maria.

Em trecho mais adiante, é incisiva: “Os gauleses fundaram São Luís, os lusitanos a urbanizariam.”
Em outro momento, sempre fiel às suas convicções e na busca da verdade histórica, após defender com veemência a fundação de São Luís pelos franceses, e no afã de pugnar pela justiça, a autora procura colocar o papel de Razilly no seu devido lugar, manifestando-se nestes termos:

Fundada a colônia, e com esta a cidadela que daria origem à São Luís de nossos dias, adotadas as providências básicas de defesa, lançadas as sementes de uma convivência pacífica e proveitosa com os índios, desenhava-se promissor o horizonte dos “papagaios amarelos” no Maranhão, sob o comando de Daniel de la Touche e de François de Razilly. Destes, o primeiro receberia, em geral, o justo reconhecimento dos historiadores dos dois lados do Mar-Oceano e da cidade pela sua dedicação ao sonho da França Equinocial e pela sua atuação como fundador de São Luís, embora de forma mais contida na terra de Luís XIII do que na dos tupinambás; já o segundo seria por muito tempo tratado como um coadjuvante de luxo na historiografia nacional, em particular na maranhense.
Hoje, porém, o papel de Razilly na concretização do empreendimento gaulês no abandonado norte do Brasil e no nascimento da cidade, tão importante quanto o de La Ravardière, parece estar sendo reavaliado, por inspiração, sobretudo, da historiografia francesa, e ele já é apresentado como o “senhor da colônia”, na privilegiada visão de Lucien Provençal.

Não satisfeita, ainda investida das vestes talares de pesquisadora e promotora de justiça, depois de legitimar a Certidão de Nascimento de São Luís com pais gauleses e pugnar pela ilegitimidade da Certidão de Nascimento de pais lusitanos, difundida por ventos contrários, carregados de ideologismos, ansiosos por um revisionismo histórico, Ana Luiza investe contra a tese do “mito gaulês”, tal qual formulada por seus propugnadores. Com maestria e competência, com argumentos sólidos e convincentes, ela refuta uma a uma as afirmativas sem lastro histórico, os equívocos levantados pelos defensores da “fundação” lusitana de São Luís, não deixando pedra sobre pedra. Apenas para ilustrar, menciono a seguir outro texto da autora:

[...] o mito da ‘fundação’ portuguesa da cidade de São Luís foi construído e fomentado como instrumento de afirmação da legitimidade da conquista e da colonização lusitana do Maranhão, por meio do apelo ao sagrado e da desqualificação dos franceses (acoimados de invasores, usurpadores e hereges), numa relação simbiótica entre a promoção dos interesses da fé e a dos interesses da Coroa, traduzida na comunhão de estratégias político-militares e letradas, em prol da edificação do Império luso, da justificação do poder colonial da metrópole e da expansão dos esforços de evangelização.

Aqui eu me desincumbo da honrosa missão. Não foi fácil eu apresentar este 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, pela robustez da obra, pela riqueza de pormenores, pela quantidade dos argumentos arrolados, todos com base no testemunho de renomados autores nacionais e estrangeiros, notadamente franceses, os quais conferiram à obra maior legitimidade, qualidade e proximidade da verdade histórica. É um livro extenso e contundente, mas de leitura agradável e sem sofismas. Foi instigante lê-lo, capítulo por capítulo, da primeira à derradeira linha, algumas por mais de uma vez. A sua leitura solidificou em mim a convicção plena, a verdade insofismável de que São Luís foi, sem sombra de dúvida, a única capital brasileira que não nasceu lusitana, e sim francesa, tese que defendo desde os tempos em que lecionei História, inclusive do Maranhão, na Universidade Federal do Maranhão. E foi emocionante lê-lo, sobretudo porque Ana Luiza é minha filha.
É um livro para ser lido por pesquisadores, historiadores, professores, estudantes e por quantos se interessam por tão fascinante tema: a França Equinocial e a fundação de São Luís, cidade já quadricentenária. Portanto, leiam-no, comentem sobre o que a autora escreveu, busquem a verdade, nada mais do que a verdade, com atenção maior para os capítulos: “A fundação da França Equinocial e da cidade de São Luís”, “O início do reconhecimento da terra e as Leis Fundamentais da França Equinocial” e “O mito da ‘fundação’ portuguesa de São Luís e a polêmica sobre as origens da cidade”. É um livro que não ficará para a História, já está nela inserido.

Wilson Pires Ferro
Historiador e autor de vários livros, entre os quais Espelhos de São Luís: artigos e crônicas (2005), falecido em 2014. Foi professor da UFMA, Diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UFMA (1973-1979), Diretor do Centro de Estudos Básicos (CEB) da UFMA (1977), Assessor perante o Gabinete do Reitor da UFMA (1983-1985), membro fundador da Academia Ludovicense de Letras (Cadeira nº 7, patroneada por Antônio Gonçalves Dias) e associado da União Brasileira de Escritores (UBE).






A GRANDE CONTESTAÇÃO


Nos dois últimos anos o Maranhão foi contemplado em duas produções literárias, digamos, heterodoxas. A primeira, Crônicas de São Luís: 1612, a fundação da cidade sob o olhar tupinambá (São Luís, 2012), produzida pelo escritor e professor universitário Joseh Carlos Araújo, e a segunda, Pepitas brasileiras (Pépites brésiliennes. Actes Sud, Lyon, França, 2013 – ainda sem publicação em português), de autoria do etnólogo e escritor francês Jean Yves Loude. Enquanto a primeira dá voz aos primeiros habitantes do Brasil, quase que totalmente dizimados pela prevalência e ganância do privilégio branco nos idos coloniais, a segunda se dedica a mostrar o sofrimento, a luta e a resistência do negro africano no lado de cá do Atlântico, colocando em destaque o Maranhão e alguns maranhenses que ousaram questionar as bases sociopolíticas da sua época. Os dois pesquisadores inovaram e fizeram bonito ao dar voz àqueles que não possuíam cultura escrita. Mal comemorávamos estas pepitas, eis que aparece a presente obra, a joia da coroa, 1612: os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís, trabalho da consagrada escritora e promotora de justiça Ana Luiza Almeida Ferro, que, faz pouco tempo, nos encheu os olhos ao ser entrevistada no Programa do Jô Soares quando do lançamento do seu livro Crime organizado e organizações criminosas mundiais. A obra 1612, de Ana Luiza, vem fechar uma tríade dos secularmente excluídos, vez que é sabido que uma das estratégias do colonizador era sustentada no tripé: dizimação da indolência indígena, escravização da magia africana e marginalização do estrangeiro. Este, mesmo com uma desenvolta e pioneira produção escrita sobre o Brasil colonial, ficou à mercê do vencedor, que, criando mitos e cortinas de fumaça, semeou o ódio do autóctone contra o alógeno, fomentando a xenofobia e lançando mão de termos e expressões como “invasores”, “hereges” (aplicado sempre aos protestantes), “promíscuos”, “vem tomar nossas mulheres”, “contrabandistas”, “maus”, “perigosos” e tantos outros que a criatividade e a ambição de dominar permitiam. E como não existe colonização sem produção cultural, o período colonial teve a sua Hollywood religiosa, que em nada ficou devendo à produção americana atual. Entre os principais “filmes” estão o “milagre” de Guaxenduba (contra os franceses) e a imagem “milagrosa” de São João (contra os holandeses), ambos com desfecho no Maranhão. No Rio de Janeiro, contra os franceses, também “apareceu” uma Nossa Senhora. Era o mito e a lenda dando sustentação à política e transformando em glórias a expulsão do estrangeiro e o genocídio da gentilidade. A obra de Ana Luiza, entre tantas outras coisas importantes, se dedica a esquadrinhar os mitos colonizadores portugueses semeados com fins políticos contra os estrangeiros ou qualquer outra possível “ameaça”.
No Maranhão, os interesses coloniais não diferem muito dos atuais quando nos deparamos com as tentativas de alguns de marginalizar os franceses da França Equinocial, o que não é uma tarefa fácil, vez que os escritos dos capuchinhos gauleses e mesmo os dos jesuítas portugueses são pródigos em relatar as virtudes e a boa convivência durante o empreendimento francês sediado na Ilha do Maranhão. Imaginar que, em uma época de semibarbárie, de conflitos intensos na Europa, especialmente religiosos, os sectários das duas religiões realizaram aqui, no dizer de Ferdinand Denis, a “maior transação leal e desinteressada entre católicos e protestantes do século XVII”, pois regidos por um conjunto de leis que passou para a História como a primeira constituição da América, foi algo espetacular. Legaram ainda as primeiras literaturas consistentes sobre a fauna, a flora e a população do Brasil setentrional e, acima de tudo, o caráter humanístico dos colonos. Um dos maiores exemplos, inclusive de ética profissional, vemos na atitude do médico da França Equinocial, o cirurgião Tomaz de Lastre, que, cioso dos deveres humanitários, dirigiu-se ao campo inimigo e curou os feridos do lado português, inclusive o filho de Jerônimo de Albuquerque, acometido por tiros de arcabuz. No tocante à competência e probidade, os franceses também foram exemplares. A doação do Cardeal François de Joyeuse para construção em pedra do primeiro convento e igreja capuchinhos do Brasil (no lugar do atual Convento e Igreja de Santo Antônio, em São Luís) foi aplicada em tempo recorde, pois em quatro meses estavam levantados e em ponto de coberta. Neste lugar acontecia algo admirável, as crianças francesas e os indiozinhos tupinambás estudavam juntos, no mesmo espaço. Por tudo isso, pelo caráter humanístico e civilizatório do empreendimento gaulês, que o Papa Paulo V, em 1631, chamou a missão capuchinha no Maranhão de “Tão santa empresa”. Some-se que o nome da cidade, São Luís, fez com que a população herdasse o adjetivo gentílico ludovicense e, com isto, um permanente pacto com esta bela história. Mas por aqui não é tão raro o mal e o caos se unirem matrimonialmente e, com um jeitinho, acabarem prosperando e ceifando sonhos. Isto foi denunciado fartamente na obra O mulato de Aluísio Azevedo, que mostrou como os interesses se sobrepõem à verdade e ao caminho natural das coisas. Os sonhos coletivos são podados e suplantados pelos interesses localizados. Felizmente a esperança de dias melhores e de uma sociedade mais aberta às oportunidades sempre renova nossos sonhos e nos faz acreditar em um mundo mais justo e pródigo.
No ano 2000, nas comemorações dos 500 anos do Brasil, o pioneirismo de Cabral e o lugar do descobrimento foram questionados. O Maranhão e o Pará reivindicavam a estada de Duarte Pacheco Pereira em 1498 como marco do descobrimento. Pernambuco e Ceará, por sua vez, tomavam para si a proeza do descobrimento ao apresentarem a ancoragem de Vicente Pinzón àquelas plagas alguns meses antes de Cabral. E, em meio ao “puxa pra lá, estica pra cá”, o então homem forte da Bahia, instigado pelo empresariado turístico de lá, sentenciou que todos podiam ter um pouco de razão, mas quem veio oficialmente para descobrir estas terras foi Pedro Álvares Cabral. Desde então não se ouviu mais falar em contestação do Descobrimento do Brasil. Em São Luís não foi assim. Contestou-se a fundação da cidade e não houve resposta. Instigou-se e ninguém disse nada. As comemorações dos 400 anos se aproximavam e nada era mostrado. Ninguém via uma resposta do poder público ou das instituições acadêmicas à altura. O baixo desempenho do turismo maranhense na conta exportação do estado, por sua vez, também contribuiu para o silêncio quase que total do segmento e, portanto, para uma resposta diferente do que aconteceu na Bahia, estado onde o turismo e o setor de serviços são segmentos importantes e que contribuem diretamente para que a terra de Jorge Amado seja um estado forte economicamente.
Ao observar tal injustiça e as muitas distorções engendradas pela contestação, além do vácuo deixado pelo silêncio daqueles que não quiseram colocar o “cinturão em jogo”, Ana Luiza Ferro se debruçou sobre a temática. Investiu muito tempo na pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo para poder dar o seu melhor e entender o porquê de tanto malsinar, da ira de alguns contra os fundadores e contra os ludovicenses. E ela acabou por “descobrir” que quase tudo daquilo infligido à fundação não passa de uma continuidade da política velha colonial do vencedor. Que tudo aquilo que se falou de mal dos vencidos e de bem dos vencedores é uma barata e frágil apologia à política colonial excludente que nunca admitiu outra presença estrangeira no Brasil além da portuguesa, e não um trabalho científico e, portanto, isento e passível de ser submetido à apreciação e ao contraditório. Quando analisamos as fundações brasileiras daquele período colonial, descobrimos que quase cem por cento delas eram mais frágeis que a fundação francesa. A fundação de São Paulo, por exemplo, não foi mais que uma escola jesuíta de madeira; o Rio de Janeiro, um acampamento militar; inúmeras outras eram apenas missas celebradas ao relento. As melhores fundações portuguesas no Brasil colonial não passaram de frágeis fortalezas de madeira e barro, que abrigavam, quando muito, uma ou duas centenas de pessoas. E as fundações da época não eram contratuais, mas aconteciam sem as cerimônias e estruturas devidas. Mas é coando mosquitos e engolindo camelos que a contestação atropela a ciência e busca sobreviver à margem do verdadeiro debate, usando o termo “mito” como uma palavra mágica de ataque e defesa. Foi isso que aqueles que pesquisam de fato a temática confirmaram, especialmente Ana Luiza, que, com um sopro de Poseidon, desfez a cortina de fumaça com que tentavam obnubilar e toldar os fatos. A conclusão que se chega é a de que a fundação de São Luís só é contestada porque ela é a grande contestação, pois, fundada como sede da França Equinocial em 08 de setembro de 1612, encravada em meio a tantas outras cidades de origem ibérica, São Luís conserva e exibe orgulhosa e portentosa o mesmo núcleo fundacional e o nome do rei da França. Eis a grande razão, o verdadeiro motivo da contestação.
O know-how de Ana Luiza Almeida Ferro não é por acaso, vem de berço. Ela é filha do historiador, escritor e professor aposentado Wilson Pires Ferro que, entre as muitas atividades desenvolvidas, dirigiu o Departamento do Curso de História da UFMA. Wilson com a esposa e Ana Luiza têm no cerne do conhecimento, além do intenso cultivo das letras, o fato de conhecerem o mundo. Os inúmeros suvenires adquiridos em dezenas de países por onde passaram abrilhantam a sala e os cômodos da residência da família e não deixam dúvidas sobre o caráter cosmopolita e multifacetado da nossa escritora, que, inclusive, já morou no exterior. A Doutora e Mestra em Ciências Penais Ana Luiza Almeida Ferro fala diversas línguas, entre as quais inglês, francês e alemão. É do tipo inquieta, que não sossega enquanto não encontra o objeto e a fonte da pesquisa. Foram essas e outras bases e atributos que fizeram dela uma pessoa dedicada, carinhosa, humilde e apegada a valores cristãos e familiares; por outro lado, tais valores tornaram-na austera, lutadora e visionária, que, em lugar da acomodação e das facilidades dos galhos do poder constituído, optou por trilhar um caminho mais nobre, enfrentando as injustiças, ainda aquelas sustentadas secularmente. Não é à toa que ela optou pela carreira no Ministério Público. Nossa escritora se junta a tantas outras personalidades da história do Maranhão, que, por conhecerem com profundidade o Brasil colonial e suas fragilidades, têm a convicção de que os gauleses no Maranhão protagonizaram um dos mais belos capítulos do Brasil daqueles tempos.
Às portas de grandes eventos internacionais como Olimpíada e Copa do Mundo, será um desastre perpetuarmos esse equívoco histórico e continuarmos tratando a presença estrangeira e tão belo exemplo de boa convivência com o mesmo preconceito de outrora, vez que isto nunca interessou aos brasileiros. Ana Luiza, em sintonia com o promissor momento que se avizinha, fez bonito ao ajudar a transformar o caos em cosmos. Fez um gol de placa ao colocar a capital maranhense na vanguarda da valorização da presença estrangeira em um momento de grande demanda internacional. Com este trabalho ela indica que o que sempre foi difundido como opróbrio é, na verdade, uma janela de oportunidades.
Quando ludovicenses e maranhenses se apropriarem desta obra de Ana Luiza só restará à contestação continuar a esconder a presença francesa no Maranhão, a marginalizar seus divulgadores e simpatizantes, a semear o ódio e a francofobia entre seus pares e ainda torcer para que o poder público continue ignorando que “dormimos sobre um tesouro”, que poderá gerar infinitamente mais empregos, renda e impostos à cidade e ao estado. Ou talvez, quem sabe, colocar em prática o plano B, ressuscitando a lenda da povoação abandonada de Nazaré, rebocá-la até o núcleo fundacional dos franceses (atual Praça Pedro II) e, contradizendo tudo aquilo que disseram até hoje, transformar alguns “tugúrios”, habitados por náufragos desamparados, em uma cidade. Aí, só o sermão do Padre Antônio Vieira para explicar: “M de Maranhão, M de murmurar, [...], M de maldizer, M de malsinar, M de mexericar e, sobretudo, M de mentir: [...], mentir com as obras, mentir com os pensamentos, que de todos e por todos os modos aqui se mente”. Aqui, nada é impossível.
Parabéns, Ana Luiza, pelo fogo da ciência que queima a palha e deixa apenas o firme fundamento e pelo forte sopro que desfez a cortina de fumaça da desinformação.

Antonio Noberto
Pesquisador, turismólogo (UFMA), consultor em turismo (Universidade Ceuma) e escritor. Sócio efetivo do IHGM, membro fundador da Academia Ludovicense de Letras (Cadeira nº 1, patroneada por Claude d’Abbeville) e curador da Exposição “França Equinocial para sempre”.

















SUMÁRIO




NOTA INTRODUTÓRIA............................................................................................................
1 A ERA DOS DESCOBRIMENTOS E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO..........................
2 AS PRIMEIRAS TENTATIVAS PORTUGUESAS DE POVOAMENTO E COLONIZAÇÃO
DO BRASIL E DO MARANHÃO E A ORIGEM DO NOME “MARANHÃO”............................................................................................................................
3 A PRESENÇA DOS FRANCESES NO NOVO MUNDO, NO BRASIL E NO MARANHÃO...............................................................................................................................
4 A SITUAÇÃO POLÍTICO-RELIGIOSA E A POLÍTICA EXTERIOR DA FRANÇA NO CREPÚSCULO DO SÉCULO XVI E NO ALVORECER DO SÉCULO XVII..............................................................................................................................................
5 A PREPARAÇÃO DA EXPEDIÇÃO DA FRANÇA EQUINOCIAL.....................................
6 A VIAGEM DA EXPEDIÇÃO AO MARANHÃO..................................................................
7 A FUNDAÇÃO DA FRANÇA EQUINOCIAL E DA CIDADE DE SÃO LUÍS..............................................................................................................................................
8 O INÍCIO DO RECONHECIMENTO DA TERRA E AS LEIS FUNDAMENTAIS DA FRANÇA EQUINOCIAL.............................................................................................................
9 O REGRESSO DE FRANÇOIS DE RAZILLY À FRANÇA E A CONTINUAÇÃO DO RECONHECIMENTO DA TERRA.............................................................................................
10 A REAÇÃO LUSO-ESPANHOLA E A BATALHA DE GUAXENDUBA..........................
11 A TRÉGUA E A QUEDA DA FRANÇA EQUINOCIAL......................................................
12 O DESTINO DOS PRINCIPAIS PERSONAGENS DA DISPUTA FRANCO-IBÉRICA PELO MARANHÃO....................................................................................................................
13 SÃO LUÍS E O MARANHÃO APÓS A EXPULSÃO DOS FRANCESES..........................
14 O MITO DA “FUNDAÇÃO” PORTUGUESA DE SÃO LUÍS E A POLÊMICA SOBRE AS ORIGENS DA CIDADE........................................................................................................
15 OS TUPINAMBÁS DO MARANHÃO NA VISÃO DOS FRANCESES..............................
CONCLUSÕES............................................................................................................................
REFERÊNCIAS............................................................................................................................
ANEXOS......................................................................................................................................
TEXTOS EM HOMENAGEM À CIDADE DE SÃO LUÍS........................................................
NOTA BIOGRÁFICA SOBRE A AUTORA...............................................................................








NOTA INTRODUTÓRIA


São Luís, a Atenas dos trópicos, em sua condição insular, diversamente da Atenas dos gregos, sempre estimulou a corte do mitológico deus grego dos mares, Poseidon.
Foi pelos mares que, durante o século XVI, franceses e portugueses frequentaram a ilha que lhe serviria de berço. Foi pelos mares que os primeiros, chamados de “papagaios amarelos” pelos índios, chegaram à mesma ilha, no alvorejar do século XVII, com a missão de torná-la um pedaço da França e a sede de um idealizado império ultramarino na América do Sul. Foi pelos mares que os últimos, designados pelo nome indígena de peró, a conquistaram, depois a perderam para os holandeses e, por fim, a retomaram até o rompimento definitivo dos laços coloniais do Maranhão com Portugal já no século XIX.
Ao leitor que deseje embarcar nesta nau exploratória, esta é uma viagem ao passado primordial do Maranhão e do Brasil setentrional.
É uma viagem a uma época em que a partilha do mundo dependia da partição do Mar-Oceano e da intrepidez dos navegadores no desafio ao Mar Tenebroso e a seus monstros lendários. É uma viagem, a bordo da temida nau Régent, seguida por mais dois navios, à França Equinocial dos fidalgos Daniel de la Touche e François de Razilly, promissora tentativa de implantação de uma colônia no Maranhão, em nome da Coroa gaulesa, sob a regência de Maria de Médicis, durante a minoridade do Rei Luís XIII, menos de um século após o malogro da França Antártica, no Rio de Janeiro. É uma viagem de descobrimentos ao tempo das primeiras tentativas portuguesas de povoamento e colonização do Brasil e do Maranhão, da definição nebulosa da origem do nome “Maranhão”, das investidas dos gauleses pelo Novo Mundo, das guerras de religião que ensanguentaram a França na segunda metade do século XVI e cujos efeitos ainda assombrariam o país e seus empreendimentos no século seguinte, da chegada de cerca de 500 “papagaios amarelos” à Ilha do Maranhão, do reconhecimento da terra, da fundação da cidade de São Luís, da decretação das leis institucionais da colônia, da convivência dos padres capuchinhos Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux com os tupinambás da ilha e das circunvizinhanças, do regresso de François de Razilly à França, dos antecedentes, da deflagração e dos desdobramentos da Batalha de Guaxenduba, da subsequente trégua firmada entre os gauleses e os lusos, da rendição do Forte São Luís, dos fatos que determinaram o destino das principais figuras da disputa franco-ibérica pelo Maranhão e dos sucessivos governos de São Luís até a invasão holandesa.
Esta nau navega sob o signo de 1612, o Ano de Ouro dos “papagaios amarelos” na Ilha do Maranhão, no qual, a 8 de setembro, em uma memorável cerimônia solene de posse dos recém-vindos, uma grande cruz foi chantada pelos aliados tupinambás, chefiados por Japi-açu, e a fortificação da infante povoação foi batizada de Forte Saint Louis, em honra a Luís XIII, e a 1º de novembro, em cerimônia complementar, o estandarte real, contendo as armas de França, foi plantado por membros da mesma nação indígena e foram decretadas as Leis Fundamentais da França Equinocial. Mas esta embarcação vai muito aquém e muito além desse marco temporal simbólico, em busca das rotas que levaram à edificação da França Equinocial e dos caminhos que se abriram ou se fecharam após o seu fim. Por este oceano de águas ainda pouco exploradas pela historiografia, já navegaram em águas profundas alguns poucos ilustres timoneiros, a exemplo de Philippe Bonnichon, Mário Meireles, maior historiador maranhense, Vasco Mariz e Lucien Provençal e Andrea Daher.
À semelhança dos três navios que compuseram a notável expedição da França Equinocial, Régent, Charlotte e Sainte Anne, em honra, respectivamente, a Maria de Médicis, à esposa de um almirante e à Condessa de Soissons, esta nau é uma modesta homenagem a uma Dama já quatrocentona: São Luís.
São Luís é uma cidade peculiar: nascida francesa, tornou-se, afinal, uma das mais lusitanas das urbes brasileiras, de Cidade de La Ravardière a Cidade dos Azulejos ao passo dos séculos, Patrimônio Mundial da Humanidade.
Ostentando uma população superior a um milhão de habitantes, em contraste com os cerca de 10 a 12 mil tupinambás residentes na Ilha Grande quando do desembarque dos franceses em Jeviré em 1612, São Luís guarda incomparáveis tesouros em sua rica história. Seus sobradões, revestidos de azulejos, que já testemunharam épocas de fausto, ainda conservam a majestade de outrora, não obstante os imperdoáveis maus-tratos infligidos ao patrimônio histórico; seus mirantes, que já fitaram horizontes mais alvissareiros, ainda identificam no mar argênteo o regaço ou o cemitério das embarcações empregadas nas épicas navegações dos gauleses e lusos, a despeito da limitada visão de alguns de seus novos caciques; seus monumentos, que já serviram de celebração a tantos feitos e desagravo a tantos malfeitos, ainda preservam acesa a chama de um amanhã mais afortunado; seus modernos prédios, que já se inseriram no cenário quadrissecular, ainda prometem o desembarque do progresso nas praias do marasmo.
O Palácio dos Leões e a Igreja e Seminário de Santo Antônio, na opinião de uns, ou o antigo Recolhimento (atual Colégio Santa Teresa) e a Igreja do Rosário, na Rua do Egito, na concepção de outros, assinalam os mesmos sítios onde os franceses ergueram, respectivamente, o Forte São Luís e o Convento de São Francisco, onde funcionou a primeira escola do Maranhão, para os meninos colonos e indígenas, no que, ainda nos dias atuais, é o coração da cidade, compreendendo o seu centro administrativo e as suas igrejas tradicionais.
Se herdou dos portugueses os traçados das ruas, as linhas arquitetônicas do casario colonial e os azulejos dos sobradões, São Luís recebeu de seus fundadores vencidos, porém jamais olvidados, o nome, a localização e as primeiras construções.
Esta nau deve o seu primeiro ímpeto exploratório à inspiração proporcionada pela paixão dos escritores Mário Meireles e Wilson Pires Ferro pelo fascinante capítulo da história do Brasil intitulado “França Equinocial”, escrito com sangue, palavras e ações, envolto em fatos e lendas, a merecer uma maior atenção por parte dos historiadores e de outros estudiosos das Ciências Sociais e Humanas. O episódio, apesar de fundamental para a efetiva colonização lusitana de toda a porção norte do Brasil, é pouco conhecido.
Para a sua viagem de descobrimentos, esta nau se valeu não apenas de inúmeros documentos de época e dos clássicos livros de bordo dos cronistas Claude d’Abbeville, Yves d’Évreux e Diogo de Campos Moreno, testemunhas privilegiadas dos eventos, mas também de um variado e qualificado acervo de livros, artigos e escritos em geral sobre o tema selecionado ou um de seus aspectos, impressos ou eletrônicos, antigos ou recentes, alguns ainda não explorados pela historiografia específica.
O itinerário não se restringe à passagem pelo mar sereno dos fatos incontroversos, nem ao recolhimento no porto seguro dos pontos assentados pela História; igualmente inclui a navegação pelas águas encrespadas pelas tormentas das polêmicas relativas à França Equinocial e aos seus principais personagens, como a questão central da fundação da cidade de São Luís, ante a maré revisionista dos propugnadores do mito da “origem” lusitana de São Luís. E não se esquiva de explorar mais detidamente algumas enseadas pouco visitadas pelos estudiosos, como aquela na qual François de Razilly assume o papel de cofundador quase esquecido da cidade e tem o seu papel na implantação da colônia gaulesa no Maranhão largamente subestimado.
Embarquemos, pois, nesta nau com destino à França Equinocial de La Ravardière e Razilly, com seus segredos, credos, sonhos, esperanças, intrigas, jogos de bastidores, documentos, conquistas, estratégias, alianças, batalhas, tréguas, reviravoltas, casamentos, traições e abandonos, eventos e lendas, antecedentes e consequências, defensores e opositores, visando à apresentação de uma contribuição crítica e abrangente para os estudos do tema, que alie o rigor científico exigido pela academia ao interesse despreocupado dos amantes leigos da História, mediante a narração o mais possível fiel dos fatos, o esclarecimento de dúvidas, a análise de episódios obscuros e o oferecimento de novos pontos de vista.

A Autora





1 A ERA DOS DESCOBRIMENTOS E A PARTIÇÃO DO MAR-OCEANO


No limiar da Idade Moderna, sob as luzes do Humanismo e do Renascimento, a contribuição de invenções e aperfeiçoamentos técnicos e científicos, a exemplo da imprensa, da bússola e da caravela,[2] e as condições propiciadas pelo fortalecimento do poder real e pela ascensão da burguesia, a civilização ocidental adentrou a era dos descobrimentos marítimos, inaugurada no século XV.
Nesse período marcante da história da humanidade, foram os portugueses os primeiros a se lançarem aos mares em grandes expedições à procura das riquezas do Oriente – bem reais, como as especiarias e os produtos exóticos das Índias, ou já lendárias, como aquelas descritas pelo aventureiro Marco Polo, que vivera algum tempo na corte do rei mongol Kublai Khan e conhecera grandes extensões da Ásia, incluindo regiões da China –, seguidos pelos espanhóis e, logo depois, pelos ingleses, franceses e holandeses, principalmente.
Várias foram as razões que possibilitaram a Portugal esse domínio inicial sobre os mares “nunca dantes navegados”.[3] Se o posicionamento de neutralidade no respeitante aos conflitos europeus, a presença de um poder monárquico caracterizado pela centralização e a conquista de Ceuta em 1415, antes nas mãos dos muçulmanos, importante cidade marítima e empório comercial situado no Estreito de Gibraltar, ofereceram-lhe os fatores políticos favoráveis, foram o desenvolvimento da indústria naval, encetado por D. Dinis, e a fundação da célebre “Escola de Sagres”, promovida pelo Infante D. Henrique, chamado o Navegador, centro de estudos náuticos onde foram reunidos os mais renomados cosmógrafos daquele tempo, aliados à estratégica localização geográfica, que lhe forneceram as condições e instrumentos decisivos, inclusive técnicos, para o pioneirismo na exploração dos mares e das terras situadas muito além do restrito horizonte da Idade Média.
Helio Vianna expõe quão fundamental foi para a expansão marítima lusitana levada a cabo nos séculos XV e XVI o aprimoramento da navegação – especificamente quanto aos seus instrumentos e às embarcações –, adquirindo o caráter de transoceânica, ao invés de tão somente costeira:

Quando começaram os descobrimentos portuguêses, já eram conhecidas as agulhas de marear e, dentre os instrumentos de observação, a balestilha, o astrolábio e o quadrante. Orientavam-se os navegadores, principalmente pela Estrêla Polar, no hemisfério Norte. Quando o deixaram, alcançando o do Sul, passaram a utilizar também o Cruzeiro do Sul. Para calcular latitudes pela altura do sol foram preparadas tábuas de declinação. Vários Regimentos facilitaram o uso do quadrante e do astrolábio. Também aperfeiçoadas foram as cartas de marear, levadas pelos navios, que substituíam os antigos portulanos. Continham o resultado das observações dos pilotos, registradas nas cartas protótipos, dos arquivos reais. Afinal, apareceram os roteiros, contendo tôdas as indicações necessárias à navegação.
[...]
Quanto aos navios, depois da utilização da caravela, de origem moura, embarcação de velas latinas ou triangulares, própria para navegar com qualquer vento e por isso adequada às explorações, apareceu a nau, maior, com velas quadradas ou redondas, destinada à navegação de que já se conheciam as rotas. As naus, que em nossa história colonial tiveram importante função, eram navios mistos de guerra e transporte, artilhados para a defesa e ataque, dotados de porões para carga. O galeão, com remos, era a continuação das antigas galés. Navio redondo era chamado aquêle cujo comprimento não fôsse superior a três ou quatro vêzes a largura. No Brasil, utilizou-se para a navegação costeira o bergantim, em que remavam condenados.[4]

As expedições portuguesas se sucederam no Atlântico. Ainda no século XV, os lusitanos descobriram as ilhas da Madeira e Porto Santo e o Arquipélago dos Açores e exploraram as costas da África. Gil Eanes, em 1434, navegando na primeira caravela lusa, dobrou o antes incontornável Cabo Bojador,[5] deixando para trás as antigas lendas e mitos que cercavam o Cabo do Medo, seu nome popular, tido por muito tempo como o limite sul do mundo. Bartolomeu Dias, sob o reinado de D. João II, igualmente desmistificou o temível Cabo das Tormentas, assim denominado em função das tempestades, ao contorná-lo em 1488, tornando ainda mais factível o escopo do descobrimento do caminho marítimo para as Índias, o que justificou a mudança do nome para Cabo da Boa Esperança. O sonho se materializaria, finalmente, com Vasco da Gama, sob os auspícios de D. Manuel I, o Venturoso, o qual, à frente de uma modesta frota de quatro navios, ultrapassou o mesmo Cabo da Boa Esperança, explorou a Costa do Natal e alcançou Moçambique e Mombaça na África, obtendo em Melinde pilotos que o orientariam até o destino perseguido, Calicute, na Índia, onde fundeou em 1498.
Com a descoberta do caminho marítimo para as Índias, foi definitivamente quebrado o monopólio, exercido pelos muçulmanos, do comércio de especiarias – o “petróleo” da época, em termos de valor de mercado – entre o Ocidente e o Oriente, território em que os portugueses passaram a reinar.
A notícia motivou D. Manuel a promover a organização da mais expressiva esquadra até aquele ponto, composta de 10 naus de três mastros, duas caravelas e um barco de mantimentos, transportando 500 tripulantes e uma tropa de mais de 1.000 homens, visando à afirmação de relações políticas e comerciais estáveis, ao estabelecimento de feitorias e à ação missionária do Cristianismo em Calicute e outras plagas, de forma a assegurar o domínio luso na região. Seu comandante seria o fidalgo Pedro Álvares Cabral, acompanhado de Bartolomeu Dias, entre muitos outros navegadores e marinheiros de quilate.
Segundo a narrativa de Pero Vaz de Caminha, em sua famosa carta ao monarca luso, na qual descreve, como nosso primeiro historiador, com valiosos detalhes geográficos e etnográficos, o “achamento” do que pensaram ser uma ilha, no



[1] Tradução não literal do prefácio imediatamente anterior, feita pelo próprio autor francês, incorporando algumas sugestões da autora deste livro.

[2] Osvaldo Souza discorre sobre a relevância desses aprimoramentos técnicos e científicos no contexto da expansão marítima: “Na Idade Média, os navegantes empregavam no Mediterrâneo galeras muito baixas. Com a invenção da caravela, de forma mais arredondada e de alto bordo, puderam singrar o Atlântico. [...] A bússola permitiu as viagens a longas distâncias por mares até então desconhecidos. A utilização do papel de trapos possibilitou a difusão de livros, relatos e tratados sôbre viagens oceânicas.” SOUZA, Osvaldo Rodrigues de. História Geral. 5. ed. São Paulo: Ática, 1971. p. 225.
[3] A expressão vem da famosa epopeia “Os lusíadas”, de Camões, na qual são celebrados a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama e outros feitos portugueses. Vejamos as duas primeiras estrofes do Canto Primeiro: “1. As armas e os barões assinalados/Que da Occidental praia Lusitana,/Por mares nunca de antes navegados,/Passárão ainda alem da Taprobana,/E em perigos e guerras esforçados/Mais do que prometia a força humana,/Entre gente remota edificárão/Novo Reino, que tanto sublimárão,/2. E tambem as memorias gloriosas/D’aquelles Reis que forão dilatando/A Fé, o Império, e as terras viciosas/De Africa e de Ásia andárão devastando,/E aquelles que por obras valerosas/Se vão da lei da morte libertando,/Cantando espalharei por toda parte,/Se a tanto me ajudar o engenho e arte.” CAMÕES, Luís de. Os lusíadas. 12. ed. São Paulo: Melhoramentos, [19--]. p. 5-6.
[4] VIANNA, Helio. História do Brasil. 3. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1965. v. 1, p. 27-28.
[5] Fernando Pessoa, no belíssimo poema “Mar português”, canta a sofrida expansão marítima portuguesa e o grande desafio representado pelo Cabo Bojador: “Ó mar salgado,/quanto do teu sal/São lágrimas de Portugal!/Por te cruzarmos,/quantas mães choraram,/Quantos filhos/em vão rezaram!/Quantas noivas/ficaram por casar/Para que fosses nosso, ó mar!/Valeu a pena?/Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena./Quem quer passar/além do Bojador/Tem que passar/além da dor./Deus ao mar/o perigo e o abismo deu,/Mas nele é que espelhou/o céu.” PESSOA, Fernando. Poemas completos de Alberto Caeiro; Mensagem. Lima: Los Libros más Pequeños del Mundo, 2008. p. 390-391.

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Capa do livro 1612 -  Os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís.



Carta à Ilustríssima Senhora Acadêmica e Escritora Ana Luiza Almeida Ferro

                                                                                                            Fortaleza, 23 de março de 2015.


                             Conforme seu comentário positivo em resposta à 1ª Carta Cultural Aberta que lhe foi encaminhada sobre seu livro 1612 - Os Franceses na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís, no dia oito de março – Dia Internacional da Mulher, e também encaminhada a alguns membros da Academia Ludovicense de Letras, venho apresentar-lhe uma síntese da nossa proposta a qual está sendo divulgada com sua autorização oficial enviada a mim, do Rio de Janeiro, em 18 de março.

                           Congratulações a Vossa Senhoria pela Menção Honrosa do Premio Pedro Calmon do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, recebida por sua obra histórica, literária, cultural e educativa “1612 - Os papagaios amarelos na Ilha do Maranhão e a fundação de São Luís”, na data de 18 de março de 2015, na cidade do Rio de Janeiro, homenageada por seus 450 anos.

                            O lançamento de sua obra histórica foi divulgado em sites do IHGB, do IHGM, no Blog Revista Planetária-ArtForum Internacional, na nossa Revista Cultural Ludovicense-São Luís 400/2012 - página no Facebook, no blog Universidade Planetária do Futuro e em outros espaços do Grupo ARTFORUM Brasil XXI – 15 anos.

                             A indicação do seu importante livro para a memória histórica maranhense, através do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – IHGM ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - IHGB ampliou o destaque à sua obra, através da Menção Honrosa Prêmio Pedro Calmon.

                      O conteúdo histórico da obra poderá vir a ser adaptado para roteiros culturais e artísticos em diversas linguagens como as artes cênicas e arte cinematográfica em longa metragem, objetivando divulgar a história da fundação de São Luís no Brasil e Além-Mar, em médio e longo prazo. Na 1ª Carta Cultural Aberta de oito de março – Dia Internacional da Mulher,  compartilhamos algumas ideias com Vossa Senhoria, com membros fundadores e membros efetivos da Academia Ludovicense de Letras - ALL e da Academia Caxiense de Letras – ACL sobre seu livro que possui relevância para o patrimônio histórico imaterial de São Luís, considerando sua efetiva participação como Membro fundador da Academia Ludovicense de Letras, Membro efetivo da Academia Caxiense de Letras, Sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, membro de outras instituições maranhenses, brasileiras e internacionais.

                          O livro 1612 - Os Franceses na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís na versão nacional e internacional motiva algumas linguagens artísticas, poéticas, culturais e educativas, com objetivos claros sobre a divulgação mais ampla da história da fundação de São Luís – única capital brasileira fundada por franceses. Sugerimos que capítulos do livro sejam adaptados para um filme épico e também contemporâneo, cujos takes de filmagem sejam realizados no Centro Histórico e outros locais de São Luís, em Alcântara e nos Lençóis Maranhenses.
(Sugerimos, também, que a cidade de Caxias - MA, venha a ser um dos cenários do seu filme, considerando a importante Guerra da Balaiada, no Morro do Alecrim).
  
                    Cremos que as futuras cenas desse precioso filme que estamos idealizando possam ampliar e enriquecer a história da Fundação da França Equinocial, a trajetória de François de Razilly, a Batalha de Guaxenduba, a visão dos Franceses sobre os Tupinambás do Maranhão, e outros que forem recomendados por Vossa Senhoria, autora do livro, bem como Consultora Geral dessa futura produção cinematográfica em longa metragem, objetivando divulgar a história da fundação de São Luís no Maranhão, no Brasil e Além-Mar, em médio e longo prazo.
               
                       Conforme diálogos sobre essa proposta nós temos autorização e aprovação de Vossa Senhoria, e assim já iniciamos rascunhos de scripts do trabalho de marketing cultural, e quando as primeiras lâminas estiverem prontas iniciaremos o registro da proposta, a partir da publicação dessa carta cultural em nossos blogs e páginas, bem como na ALL REVISTA e na Revista do IHGM, considerando que seu livro possui as logos institucionais da Academia Ludovicense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, e foi publicada pela JURUÁ Editorial.

                        Cremos que essas e outras instituições maranhenses e brasileiras poderão fazer parte do “Consórcio Cultural – Azulejos de São Luis 1612”, que deverá ser criado para o desenvolvimento dos diversos roteiros da produção cinematográfica histórica e cultural que está sendo vislumbrada conforme proposta mais completa que será apresentada no Projeto 01 do Filme 1612, considerando a importante que terá para o panorama cultural maranhense e brasileiro. Para tanto o Consórcio será a plataforma de obtenção de recursos financeiros. 

                   Vislumbramos que o trabalho de concepção e produção de marketing possa motivar adesões importantes, através de encaminhamento conjunto de Vossa Senhoria como autora, bem como da coordenação da proposta, de documento oficial a governos, instituições, empresas, ministérios (cultura/educação/turismo), embaixadas, consulados e representações de Portugal, da França e da Holanda.

                   Agradecemos sua atenção ao convidar-me para a função de Diretora Cultural desse importante projeto que deverá prestar homenagem ao Professor e Acadêmico Wilson Ferro, in Memoriam, por ter sonhado e escrito a Apresentação do livro 1612 - Os Franceses na Ilha do Maranhão e a Fundação de São Luís.

                  Congratulações a Vossa Senhoria por ter pesquisado e escrito uma obra que vem contribuir com a história ludovicense, maranhense e brasileira.


Saudações ludovicenses,
Ana Maria Felix Garjan 

Coordenadora do Projeto Filme 1612
*
Diretora de Cultura e Comunicação
Grupo ARTFORUM Brasil XXI
- Cia. Azulejos Culturais de São Luis 403/2015/Anima Ludovicense/
Artforum Internacional – São Luis 400/ Projeto
*
Projeto "Centro Acadêmico de Artes e Cultura do Maranhão".
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Ana Maria Felix Garjan
Socióloga, pesquisadora em arte e literatura brasileira, poetisa, artista plástica, designer.
Membro fundador da ACL / Membro correspondente da ALL
Diretora de Cultura e Comunicação do Espaço Cultural Gonçalves Dias – MA
Diretora Cultural dos Grupos ARTFORUM Brasil XXI - Núcleo do Maranhão

Projeto Azulejos Culturais de São Luís/Anima Ludovicense/Grupo Artforum Internacional São Luís e AssociadosNúcleo Cultural Latinioamericano/ARTFORUM Brasil XXI



Brasil, 12 de abril de 2015


Projeto Centro Cultural e Acadêmico do Maranhão
Projeto Filme 1612 - A Fundação de São Luís pelos Franceses
Diretora de Cultura e Comunicação/ECGD
Ana Maria Felix Garjan 
E-mails: anafelixgarjan@gmail.com
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